A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS) e a Associação dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais da Região do Médio Alto Uruguai (Astrmau) promoveram, na manhã desta terça-feira, 18, na Câmara de Vereadores de Palmitinho, um encontro regional para debater a situação da cadeia leiteira.
Pontos apresentados pelas entidades
Fetag-RS e Astrmau expuseram as principais reivindicações encaminhadas às autoridades federais. O documento destaca a desregulação do mercado interno causada pelo aumento das importações, especialmente do Mercosul, que tem reduzido o preço pago ao produtor. As entidades também apontam aumento de cerca de 30% nos custos de produção e a redução de 65,7% no número de produtores no Estado entre 2015 e 2025. As propostas incluem medidas de contenção das importações, atuação da Conab na regulação do mercado, revisão de regras sanitárias e ampliação de programas públicos de compra de leite.
Impactos nos municípios
O prefeito de Taquaruçu do Sul, Luiz Blanco Alves, afirmou que o município acompanha com preocupação a situação. “Nossos produtores estão sofrendo e a receita dos municípios também cai. Estamos empenhados em buscar, junto ao governo federal, uma solução para o preço do leite”, declarou. O prefeito de Vista Alegre, Rudi Bridi, também ressaltou o impacto local. “Passamos por dificuldades com o preço e precisamos buscar alternativas junto aos governos. Sem mudanças nas importações, o problema seguirá”, afirmou.
O prefeito de Palmitinho, Benhur Barth, avaliou o encontro como necessário. “Precisamos mudar o cenário para viabilizar as propriedades. A atividade exige políticas públicas que deem suporte aos produtores”, disse.
A visão dos sindicatos
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Palmitinho, Bruno Borba, destacou a importância da mobilização regional. “Estamos reunindo duas regionais para discutir alternativas e reduzir as dificuldades dos produtores. Em Palmitinho, 202 famílias dependem da atividade”, afirmou. O presidente do STR de Frederico Westphalen, Amarildo Manfio, reforçou os desafios enfrentados pelas famílias produtoras. “O produtor enfrenta custo alto, queda de preço e importações. Queremos sensibilizar a sociedade e o poder público para criar caminhos que melhorem a renda nas propriedades”, declarou.
Posicionamento da Fetag-RS
O representante estadual da Fetag, Elton Weber, apontou a gravidade do momento. “Estamos perto de um dos momentos mais difíceis da produção de leite. O aumento da importação e o descontrole das liberações pressionam o mercado”, afirmou. Ele informou que a entidade participará, na próxima semana, de agendas em Brasília com ministérios e a Conab.
O vice-presidente da Fetag, Eugênio Zanetti, reforçou a urgência de medidas. “O setor é fundamental para muitos municípios. O produtor não volta para a atividade depois que abandona, porque exige investimento e tecnologia. O custo é maior que o preço recebido”, disse.
Zanetti destacou que este é o terceiro encontro de uma série de quatro promovidos pela Fetag-RS e pela Astrmau. “Se nada for definido até o dia 27 (na próxima quinta-feira), a Fetag discutirá os próximos passos”, concluiu.
