Dentro dos capítulos da literatura existe um espaço reservado aos historiadores. Alguns chegam aos píncaros da glória. Entre eles têm lugar garantido os nomes imortais de Rocha Pombo, Capistrano de Abreu, Varnhagen, Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior, Buarque de Holanda e outros. Óbvio que não ousaria colocá-lo dentro desta seleta galeria. Mas merece espaço reservado, sem sombras de dúvida. Seu nome: (com W) WILSON ALEIXO FERIGOLLO. Nosso conterrâneo, ex-seminarista, também fanático sofredor colorado.
Este ‘jovem’ escritor palmilhou alguns quilômetros, gastou alguma sola de sapato, entrevistando personagens significativas, garimpando fatos e episódios, batendo na porta das casas, evitando possíveis mordidas de cachorro. Com o seu inseparável microfone ia gravando no pen-drive as conversas que iriam construindo a história das localidades. Pode não ter sido um trabalho 100% científico. Mas o que ele passou para seus livros ficará imortalizado e lembrado pelas gerações vindouras. Outros virão, de agora em diante, que terão o seu trabalho favorecido pelas técnicas modernas a serviço da mídia atual. Porém, o passado ignoto, sem anotações nos alfarrábios de antanho, tendo como referência apenas alguns retratos das vovós com cabeça enrolada em lenços, e vovôs de botas e ostensivos bigodes, terá sido apagado, não deixando vestígio algum. Este o extraordinário mérito do Ferigollo, esculpindo nas letras dos seus livros os ”rastros e rostos”.
Ele produziu, com suor e teimosia: “Rostos e Rastros no Barril”- “História de Um Seminário” – “Driblando a Saudade” – “Sicredi – Um Sucesso” – “Sonhos e Trilhas” – “Caiçara, os Rostos na Lagoa” – “Cidade Princesa sob as Lentes de Vitório Locatelli e Ângelo Buzatto” – “Vicente Dutra” – “Apae 40 Anos”, e no final, “Vista Alegre”. Tenho certeza que seu próximo livro levará o título da saudosa Terrinha “TAQUARUÇU”.
Escrevendo sobre os 100 anos de colonização de Vista Alegre, nosso historiador inseriu um artigo do aluno Nerone Campo: “Jamais haveria eu de esquecer a figura grave e respeitosa do meu primeiro professor. Dentro da escola, 40 meninos turbulentos aprendiam o ‘beabá’. Sentado à mesa o velho professor. Ao fundo o quadro-negro, e a um canto, em temporária ociosidade, a grossa vara de marmelo...”Rolaram anos. Este aluno se tornou prefeito e num determinado Dia do Professor, inaugurou uma escola, descerrando, em homenagem, a placa ESCOLA PROFESSOR JOÃO FONTANA!
Recordei das solenes chineladas que meus doze irmãos levamos de nossos pais. Coincidentemente, no domingo, o Evangelho se referia aos vendilhões que o Cristo, todo misericórdia e amor, expulsou a chicotadas do Templo. E isto que os animais comercializados iriam servir de sacrifício. Na Bíblia, há dois versículos: “Ai do pai que poupa a vara” (Pr 26,3). “Quem ama o filho, usa com frequência o chicote” (Eclo 30,1). Esta era a pedagogia divina. Desconheço algum pai que tenha usado da vara ou do chinelo porque o filho fez os temas, lavou a louça ou passou pano na casa. Hoje a medicina se popularizou. Doutores pululam em cada esquina. SE alguém discordar, das pedagógicas linhas acima, aplique os remédios que melhor entender.